19.3.08

Segunda-Feira


Abri os olhos,
Mas não acordei.
Coloquei as roupas,
Mas ainda estava nu;
Nos pés, apenas a frieza
De um chão sem tapetes.
Comi alguma coisa,
Não tinha nada no estômago.
Sai pra rua,
Mas ainda estava em casa,
Dormindo entre os cobertores;
Me balançava entre pessoas,
Ouvia qualquer coisa,
Mas ainda estava surdo
Com o silêncio do meu quarto.
Derrubei qualquer coisa,
Pulei qualquer poça,
Cumprimentei qualquer pessoa,
Mas ainda soterrado em travesseiros
Estava eu buscando alguém
Para sonhar.
Olhava para os lados,
Sorrisos automáticos,
E eu, ainda,
Me recusava a levantar.
Amei qualquer coisa,
Chorei por qualquer pessoa,
Cortei qualquer pedaço,
Estava eu a me perder
Em escuridão, ainda
Andando sonâmbulo
Sobre poças de lágrimas.
Por ali me gritaram,
Era ela! Era ele!
Felicidade passageira,
Viajante dolorosa,
Carregava nas malas
Algumas angústias.
Era ela! Era ele!
De boina ou de boné,
Carregava na cabeça ponteiros,
Era o despertador,
Me chamando pra viver.