
Olho-me no espelho por um segundo, e vejo que muito mudou. Os pêlos sobre o queixo anunciam a morte da minha infância, os cortes no meu braço gritam constantemente sobre meus olhos, pedindo para que eu tenha consciência de que algo está errado. Os meus brinquedos foram queimados logo após o primeiro tapa na cara, me fazendo dar de cara com esse mundo frio e sujo, que tanto tenho medo. Mãe, por favor, deixe-me voltar a me encostar em sua placenta, sentir-me protegido em seu ventre, e não sentir o frio que mata lá fora; por favor, mãe, deixe-me ser novamente aquele espermatozóide esperto e ligeiro! Juro que desta vez vou fazer certo: vou errar o caminho de encontro ao óvulo. Se deixasse de existir, traria liberdade aos meus sapatos, que não seriam mais obrigados a sentir o meu chulé, traria alivio à minha cama, que não seria mais obrigada a sentir o peso do meu corpo, e traria alegria ao box e ao chuveiro, que não seriam mais obrigados à me ouvir chorando toda vez que chego da escola. Traria benefícios à pia, aos panos de prato, à parede do lado da cadeira, aos cadernos rabiscados, as aulas de Matemática. Engasgue com suas lágrimas e morra, Leandro... As palavras viram letras.
Estou completamente perdido nesse espaço vago e branco, tento fazer o mínimo de gestos, pois tudo que toco é tão frio, que me dói o peito. Onde está a luz lá fora? Sinto que meu coração vai se tornando cada vez mais daltônico, e vai chegar a um ponto que cor alguma irei enxergar. O choro é preso com a respiração, que dói profundamente a cada instante. O medo, o medo, o medo, o medo. O que vai acontecer amanhã? Será que essa corda no pescoço vai diminuir gradativamente? E depois? Será que meu corpo vai ficar estatelado no chão? Será que vou conseguir algum pedaço de madeira para me segurar, e não me afogar mais ainda nessa tormenta de medos e tristezas? O que aconteceu comigo? Nada mais faz sentido. O ovo frito está salgado demais, o miojo duro de mastigar. Minha autodestruição é lenta e perversa, é lenta. O quarto escuro se torna uma fortaleza, e os livros meu abrigo. Não há frestas sobre as muralhas, toda luz do céu parece ser as luzes de lâmpadas queimadas. Estou perdido. Olha como fiquei: mais uma merda jogada na calçada, uma merda saída pelo cú da minha mãe. E meus pais? Paredes que vão se fechando a cada dia, me fazendo ficar sufocado e me afogar em lágrimas. Meu irmão? Um motivo, o único, que me faz sorrir. Mas no momento, nem ele me faz sorrir mais.
Olha, pai, enfia mais uma vez essa faca dentro de mim, deixa-me sentir mais uma vez essa dor e tentar compreender porquê a vida é assim. Olha, mãe, deixe de sorrir para mim, deixe de usar palavras no diminutivo quando se referir à mim, me mata com o seu silêncio, me enfia novamente em sua barriga e me aborta, joga fora esse feto crescido na privada e dê a descarga, deixe-me vagar feliz pelos encanamentos e me misturar com as fezes, coisas que realmente eu sou. Leandro, se mate, tente criar coragem em suas angústias, pois você sabe muito bem que a vida não possui mais sentido nenhum! Por que você anda? Por que você vive, e por que você ri? Pare de dar suas falsas risadas, pois você sabe que amor nenhum à dentro de ti. Tudo está empoeirado, petrificado. É seu próprio veneno que está engolindo dia-a-dia. Não há porquê continuar com esse suicídio diário, com essa tortura física e espiritual. O que você é? Esse vazio na cabeça amolece minhas mãos. Meu dia não amanhece, morre desde cedo. Sou apenas o medo em pedaços e com claustrofobia, encravado num espaço branco e vazio.
Estou completamente perdido nesse espaço vago e branco, tento fazer o mínimo de gestos, pois tudo que toco é tão frio, que me dói o peito. Onde está a luz lá fora? Sinto que meu coração vai se tornando cada vez mais daltônico, e vai chegar a um ponto que cor alguma irei enxergar. O choro é preso com a respiração, que dói profundamente a cada instante. O medo, o medo, o medo, o medo. O que vai acontecer amanhã? Será que essa corda no pescoço vai diminuir gradativamente? E depois? Será que meu corpo vai ficar estatelado no chão? Será que vou conseguir algum pedaço de madeira para me segurar, e não me afogar mais ainda nessa tormenta de medos e tristezas? O que aconteceu comigo? Nada mais faz sentido. O ovo frito está salgado demais, o miojo duro de mastigar. Minha autodestruição é lenta e perversa, é lenta. O quarto escuro se torna uma fortaleza, e os livros meu abrigo. Não há frestas sobre as muralhas, toda luz do céu parece ser as luzes de lâmpadas queimadas. Estou perdido. Olha como fiquei: mais uma merda jogada na calçada, uma merda saída pelo cú da minha mãe. E meus pais? Paredes que vão se fechando a cada dia, me fazendo ficar sufocado e me afogar em lágrimas. Meu irmão? Um motivo, o único, que me faz sorrir. Mas no momento, nem ele me faz sorrir mais.
Olha, pai, enfia mais uma vez essa faca dentro de mim, deixa-me sentir mais uma vez essa dor e tentar compreender porquê a vida é assim. Olha, mãe, deixe de sorrir para mim, deixe de usar palavras no diminutivo quando se referir à mim, me mata com o seu silêncio, me enfia novamente em sua barriga e me aborta, joga fora esse feto crescido na privada e dê a descarga, deixe-me vagar feliz pelos encanamentos e me misturar com as fezes, coisas que realmente eu sou. Leandro, se mate, tente criar coragem em suas angústias, pois você sabe muito bem que a vida não possui mais sentido nenhum! Por que você anda? Por que você vive, e por que você ri? Pare de dar suas falsas risadas, pois você sabe que amor nenhum à dentro de ti. Tudo está empoeirado, petrificado. É seu próprio veneno que está engolindo dia-a-dia. Não há porquê continuar com esse suicídio diário, com essa tortura física e espiritual. O que você é? Esse vazio na cabeça amolece minhas mãos. Meu dia não amanhece, morre desde cedo. Sou apenas o medo em pedaços e com claustrofobia, encravado num espaço branco e vazio.
Um comentário:
Alegri,há um motivo para ser feliz nesse mundo!
Já esqueci de tudo que você disse ontem e de certa forma,meus sentimentos por ele são um pouco parecidos com o que sinto por você,um amor e ódio misturado.
Fique bem e desista de tomar Prozac,pq não vale a pena morrer como a Princesa Diana
Bises
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