
O azul das árvores misturava-se com o roxo das borboletas que voavam idiotas pelo vento do oeste. A Tristeza sentou-se sobre uma das pedras do campo rochoso, convidando H. à sentar-se ao seu lado. Este recusou, continuando em pé, olhando fixamente para o horizonte que se perdia sobre os tons de violeta. Tristeza afastou com leveza as mexas de cabelo do rosto, abriu a palma da mão pálida e lá pousara uma das borboletas roxas, que batia as asas, estonteada; alguns segundos depois, derrubou o inseto morto nas gramas, e junto com ele, algumas lágrimas que congelaram o pequenino animal transformando-o em uma mínima pedra de cristal.
“Sou tão sublime”, murmurou ela, sorrindo, de rosto molhado “Vocês, humanos, tentam me evitar, mas sou tão parte de vocês quanto um braço, uma perna”.
“Você nos faz sofrer” argumentou H., virando abruptamente à ela.
Tristeza, então, ergueu-se, sentindo o raio morno do sol tingir sua face de laranja. Ela, então, com um estalar de dedos, fez a luz do sol apagar-se quase que imediatamente, tirando das borboletas seu roxo, o azul das árvores, o vermelho das rosas no campo. H. sentiu um calafrio percorrer como serpente sobre seu corpo trêmulo, a Tristeza virou-se, sua face sombria encarava-o quase que dolorosamente.
“Vocês que sofrem por livre e espontânea vontade: escolhem os caminhos mais difíceis à percorrer, mesmo sabendo de seus perigos, criam problemas para sentirem-se ocupados: sou uma atividade para os homens”.
“Então acha que somos masoquistas?”.
“Acho”.
Tristeza tocou levemente seus dedos sobre a face rija de H., que tentou afastar-se dando alguns passos para trás, mas permanecera no mesmo local. Naquele exato instante, ele sentiu suas pernas amolecerem e um frio congelar seu corpo, carcaça abatida. Quando menos esperara, derramou sobre a face suas lágrimas guardadas há tanto tempo, que já nem sabia que as tinha; correu em meio ao campo de rosas, pulando cada rochedo em sua frente, vomitando os gritos empoeirados. Tapando o rosto com as mãos em concha, chorava por há tanto tempo não ter chorado, gritava odiando o iceberg que seu corpo se transformara, afundado em lembranças dolorosas. Atrás, separados por muitos metros distância, a Tristeza caminhou em sentido contrário, onde a silhueta de seu corpo sumia na paisagem que paulatinamente ia ganhando novamente cor, o violeta engolia o contorno negro de seu corpo, e já não mais H. a vira por ali. Mas podia senti-la.
“Sou tão sublime”, murmurou ela, sorrindo, de rosto molhado “Vocês, humanos, tentam me evitar, mas sou tão parte de vocês quanto um braço, uma perna”.
“Você nos faz sofrer” argumentou H., virando abruptamente à ela.
Tristeza, então, ergueu-se, sentindo o raio morno do sol tingir sua face de laranja. Ela, então, com um estalar de dedos, fez a luz do sol apagar-se quase que imediatamente, tirando das borboletas seu roxo, o azul das árvores, o vermelho das rosas no campo. H. sentiu um calafrio percorrer como serpente sobre seu corpo trêmulo, a Tristeza virou-se, sua face sombria encarava-o quase que dolorosamente.
“Vocês que sofrem por livre e espontânea vontade: escolhem os caminhos mais difíceis à percorrer, mesmo sabendo de seus perigos, criam problemas para sentirem-se ocupados: sou uma atividade para os homens”.
“Então acha que somos masoquistas?”.
“Acho”.
Tristeza tocou levemente seus dedos sobre a face rija de H., que tentou afastar-se dando alguns passos para trás, mas permanecera no mesmo local. Naquele exato instante, ele sentiu suas pernas amolecerem e um frio congelar seu corpo, carcaça abatida. Quando menos esperara, derramou sobre a face suas lágrimas guardadas há tanto tempo, que já nem sabia que as tinha; correu em meio ao campo de rosas, pulando cada rochedo em sua frente, vomitando os gritos empoeirados. Tapando o rosto com as mãos em concha, chorava por há tanto tempo não ter chorado, gritava odiando o iceberg que seu corpo se transformara, afundado em lembranças dolorosas. Atrás, separados por muitos metros distância, a Tristeza caminhou em sentido contrário, onde a silhueta de seu corpo sumia na paisagem que paulatinamente ia ganhando novamente cor, o violeta engolia o contorno negro de seu corpo, e já não mais H. a vira por ali. Mas podia senti-la.
2 comentários:
Goiabas e Lasanhas
Você acha que somos masoquistas? - Acho!
Sempre há algo que marca um artista. Acabei de achar um paradigma.
Felizes são os amigos da Tristeza.
Eu quero morrer sua amiga.
:*
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